quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Desejo uma pena muito maior para os demais criminosos", clama mãe de F. Gomes

Apesar de ter ficado satisfeita com a condenação de João Francisco dos Santos (Dão), autor da morte do seu filho Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, a aposentada Rita Gomes achou que o criminoso merecia muito mais do que os 27 anos de cadeia aplicados pelo juiz Luiz Cândido Villaça, de acordo com a decisão do Conselho de Sentença.


Dona Rita acompanhou todo o julgamento de sua residência, a mesma onde na noite de 18 de outubro de 2010, da calçada viu seu filho ser morto por Dão, na calçada da casa da frente. Pouco menos de 10 metros separam a casa da mãe da do filho.


Em entrevista exclusiva ao repórter Rodrigo Matarazzo (Rádio Caicó AM), dona Rita mais uma vez abriu seu coração apertado. "Agradeço a Deus pelos pedidos que eu fiz deles não serem liberados, e Deus ouviu as minhas preces. Peço muito a Deus que ele fique lá por muito tempo, pois quem faz o que ele fez, só pra quem é forte para continuar vivo. Eu morri e voltei a vida, mas eu não esqueço um segundo F. Gomes, e me preocupo com toda a família, e peço sempre proteção a Deus para todos", disse.

Na entrevista, Dona Rita não se cansa de elogiar a postura do juiz Luiz Cândido, do promotor Geraldo Rufino e, principalmente do advogado Janduí Fernandes, que desde a morte de F. Gomes vem acompanhando as investigações e defendendo os interesses da família no processo. "Devo muito favor a Dr. Jandui, que além de considerar nossa familia, continua nos defendendo até hoje, sem nunca ter desistido. Agradeço a ele e desejo muita felicidade. Confiamos plenamente nele desde o primeiro dia que o processo começou. Eu nunca me cansarei de agradecer a Dr. Janduí. Sou pobre, mas pagarei com muita oração".

Matarazzo - Alguns familiares acompanharam no Fórum Amaro Cavalcanti o julgamento. Como a senhora acompanhou o júri?
Dona Rita - Eu fiquei muito abatida, mas sempre entregando a Deus as pessoas que foram por mim. Agradeço muito a minha familia, minhas noras, meus sobrinhos, netos. Muita gente veio aqui me dá um abraço e me ajudar a chorar, já que todos gostavam dele. F. Gomes era uma pessoa que tinha um coração grande para todos e principalmente para a familia. Gente de toda a região gostava dele. Só esses bandidos que não gostavam dele. Porque? Ele nunca fez mal a nenhum deles, e divulgar o que eles faziam de errado não era motivo pra matar não. Agora isso fica pro resto da minha vida, essa mágoa grande que eu sofro. A pessoa que F. Gomes era, e vocês são testemunhas, sempre ajudava a todos. A mim, ajudava desde quando tinha 10 anos e até os últimos dias de sua vida. A Justiça precisa fazer sua parte, a pena que deram pra esse Dão achei pouca. Era pra ser muito mais.

Qual foi sua reação ao adiamento do julgamento do Gordo da Rodoviária, acusado de ser o mandante da morte de F. Gomes?
Fiquei triste com a atitude da advogada dele. Uma advogada correr e deixar o caso? Ela teve medo de que? Era pra ser a mais corajosa. Esses bandidos quando fazem um mal grande as famílias, querem segurança. Pra quê? Eles não vieram na porta de um pai de familia, na minha frente, na dos filhos, sobrinhos, porque ele fez esse mal? Eles tem que pagar, não adiantam temer.

A senhora espera que a mesma condenação aplicada no Dão seja as dos demais envolvidos na morte do seu filho?
Eu desejo até mais. Ao meu ver o mandante é pior do que o matador. Que mal F. fez a eles?

Em qual momento a senhor sente mais falta de F. Gomes?
É a hora em que ele chegava. Todo dia pela manhã ele tinha por obrigação me abraçar e tomar a benção, antes de ir para o trabalho. Eu rezava muito e pedia muito a Deus, mas naquela hora parece que Deus não estava presente ali. Mas ele nunca foi um mal filho pra mim. Se ele passasse um desgosto por qualquer coisa, pedia logo para eu não saber, ele me poupava muito. O destino é triste, eu sofri muito com a primeira morte de um filho meu, já estava me confortando, ai tiraram a vida de F. Gomes, que era o pai da família. Ele me poupava muito com medo de eu morrer, mal sabia ele que morreria antes de mim, pois veio um bandido infeliz que não queria bem nem a vida dele, e tirou a vida do nosso filho.

Se a senhora ficasse frente a frente com quem tirou a vida de seu filho, o que diria?
Eu não tinha coragem de ficar. Não fui para o julgamento e nem desejo ver eles, nem pela televisão. É por isso q
ue eu não fui para o júri, não sei se teria coragem de olhar pra cara deles.

Qual foi sua reação ao ouvir o buzinaço feito de meio-dia em toda Caicó pedindo Justiça pela morte de F. Gomes?
Eu chorei, pois estava vendo a presença dele no dia de Edgley, e o povo aqui lotando a rua vindo agradecer a ele. F não pensava em fazer o que fizeram com ele, aí acabaram com a vida dele na nossa frente. Eu não sei nem dizer como colocaram ele no carro. Eu fui lá, corri, mas ele só fez olhar pra mim e não disse mais nenhuma palavra. F. Gomes era o mais velho e foi bem dizer o pai de todos os demais irmãos.

O que a senhora tem a dizer sobre as várias manifestações de carinho a F. Gomes durante as últimas semanas, com faixas nas ruas, camisetas, etc?
Sou muito grata pela consideração que a população até hoje tem com meu filho, e vai continuar do mesmo jeito. Nunca encontrei uma pessoa para dizer que não gostava de F. Minha família é muito querida. F. Gomes sofria, mas não queria que ninguem da familia sofresse com ele. Quem vem aqui em casa me abraça sem falsidade. Eu peço Justiça a Deus toda hora. O ato que eles fizeram é de um Judas que matou Cristo. Eu não sei perdoar assassino e isso vai ficar pro resto da minha vida. Quero ver todos eles na cadeia. Dão pegou 27 anos, e quero mais para os outros.


Marcos Dantas


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