sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Leitor escreve poema sobre o Rio Piranhas


Encontro-me hoje ao fim dos meus dias e também muitos morrem juntamente comigo neste momento. Mataram-me para se enriquecerem, para solidificarem a minha água em carros de luxo, sim, solidificaram a minha água em um patrimônio imensurável, fazendo com quem imensurável mesmo é o número daqueles que não tem condições de comprar água mineral para o consumo, assim, como aqueles que sobrevivem de mim. Mataram-me para propagarem a desigualdade social dentro deste pequeno espaço geográfico, Jardim de Piranhas.
Sim, mataram-me, logo eu que te banhava, que matava a tua sede, que fazia com que as suas plantações dessem frutos, logo eu que te dava a oportunidade de levar o alimento para tua mesa, o peixe. Por que me mataste? Acaso não sou preciso para ti ou tu escolhes solidificar a minha água neste coração de pedra que há dentro de ti, que não é capaz de ver o trabalhador que chora e que lamenta a minha morte, por que fizeste isto comigo, com os teus parentes, conhecidos, amigos e munícipes? Acaso a tua vida és mais preciosa do que as dos outros deste município?
Por qual motivo não me defendestes quando mandaram um milhão e meio de Reais em prol da minha vida contra os venenos jogados em mim? Que pensavas tu neste momento de inércia? Que lama colocaram em teus olhos, que te fizeste incapaz de ver as necessidades dos teus semelhantes por mim, responda-me, filho meu? Onde tu se encontras neste momento que ainda não viestes me visitar, ao menos para me pedir perdão por tudo que tens feito em mim, pois a tua ação impensada ocasionou a minha morte, eu te perdoou, pois sou vida, VENHA-ME VISITAR E EXPERIMENTE-ME PARA SENTIRES NA PELE COMO ESTOU DOENTE, INFECCIONADO POR TEU EGOÍSMO, POR TEU ORGULHO, POR TUA AMBIÇÃO, visite-me e PROVES DO TEU PRÓPRIO VENENO.
Quem sou eu? Eu sou a História de Jardim de Piranhas, em mim todos vocês se banharam, se divertiram; EU SOU AQUELE, QUE NO QUAL, NOSSA SENHORA DOS AFLITOS REALIZOU O SEU MILAGRE EM DEFESA DOS VAQUEIROS E DO SEU REBANHO, eu sou aquele que por mim se iniciou o crescimento desta cidade, eu sou Jardim de Piranhas, eu sou você que trabalha para sustentar a família, eu sou você que busca educar os seus filhos, EU SOU O CORAÇÃO DE JARDIM DE PIRANHAS. EU SOU O RIO PIRANHAS e hoje TENHO SEDE DA MINHA PRÓPRIA ÁGUA. SOCORRAS-ME TU QUE ME COLOCASTE NA “UTI”. (Joildo Alexandre, Jardim de Piranhas, Séc. XXI).


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aqui você fica ciente e responsável pelo que escreve.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.